Ontem decidi almoçar em um restaurante bem conhecido na cidade onde resido. O espaço estava com uma quantidade módica de pessoas, ao ponto de que eu pudesse observar milimetricamente os passos de cada cliente que naquele local se encontrava.
Tenho o costume de observar!
Observei, desde os mais gentis, que a todos cumprimentavam com gentileza e com as vossas almas (principalmente cumprimentos aos garçons); os espalhafatosos, que numa guerra interna de autoestima e timidez, “espalham-se”, defendendo-se deles próprios; os furtivos que evitam olhar para o próximo para não os cumprimentar e, ainda, tantos outros que passaram pelo o local e ficaram registrados na minha mente.
Todavia, o que mais me chamou atenção neste local e dia, e, aqui quero fixar as letras vindouras neste escrito, foi uma criança (um garoto), creio que com pouco mais de 05 (cinco) anos de idade, de estatura média, cabelos loiros, bem vestido e na companhia dos seus pais.
Observei que enquanto aguardava o almoço e enfrentava o tédio pré-almoço, típico dos pratos à la carte, o jovem garoto avistou uma criança que entrara com os pais no recinto e logo esboçou um sorriso (creio que pensara que não mais seria a única criança daquele local).
Como eu escrevia, observei que o menino aliviou-se ao ver a jovem entrar, como se dissesse que agora teria companhia para brincar, e, nessa linha e batuta, aproximou-se timidamente da criança e perguntou-lhe:
– Vamos brincar?
Eu, do outro lado, vendo tudo, observei que os pais do menino não olhavam para ele no momento, enquanto os pais da menina o via ao pé da mesa com o “rostinho” desconfiado de quem clamava pelo carinho da coleguinha, que “sem-educação” não o correspondia.
Bom que se diga que a falta de gentileza e de educação não se restringia somente à infante, os seus pais também ignoravam o garoto. A mãe frente-a-frente da tela de um celular, e, o pai agarrado com o copo de cerveja. Todos, demonstrando que aquele menino e a sua gentileza e educação não eram nada.
Eu vendo tudo aquilo, prestei ainda mais atenção ao que acontecia à mesa ao lado, e, via o menino mendigando com os seus olhos uma resposta da pretendida colega, e, doutro lado, ela de costas e fingindo (minha percepção) que procurava algo, somente para não travar qualquer conversa com o menor (os maiores chamam isso de vácuo).
Vi tudo isso (criança parada) até que a garota se sentou à mesa sem dá qualquer resposta ao garoto, e, o menino desconcertado e humilhado voltou, apressando o passo e com o rosto ruborizado, para a mesa dos seus pais (Rejeitado).
Esta cena me fez calar alguns minutos no meu dia de ontem, até que sem aguentar a quietude decidi eternizar aquele momento com estas letras que você desliza os olhos agora.
Vimos uma criança sendo gentil e clamando por um olhar; por uma mão; por um sorriso (brinca comigo?); e, doutro lado, vimos a frieza, já manifestada numa criança e, para a minha infelicidade ainda, a frieza – sobretudo – dos pais daquela jovem que não souberam aproveitar o momento para educar a sua filha – de no mínimo – ter sido gentil com aquele coleguinha que se aproximara.
A correção naquele momento poderia guiar o futuro e o modo daquela jovem tratar as pessoas (parece pouco, mas não é!)
Gentileza gera gentileza e o inverso também será recíproco. Nós pais temos a responsabilidade de insculpir nas crianças, que DEUS nos dá a guarda, os predicados para uma vida em sociedade plena.
Ser gentil, ser educado e comunicar-se neste sentido é qualidade que na maioria das vezes é transmitida de pai para filho, já que o pai recebe o filho como uma folha em branco, pronta para ser escrita.
O filho é uma obra dos pais (Isso não me sai a cabeça). Evidentemente que teremos um laço genético imenso. Mas a direção dada por nossos pais é o que nos põe na estrada e é como nos manteremos nela durante quase toda a vida. Eu costumo dizer: De um pé de jaca, nunca nascerá laranja!
Pouquíssimos conseguem romper as ausências paternas e maternas.
No garoto rejeitado poderá nascer duas coisas: Uma, o trauma da rejeição, que não raro, caso não detectado, poderá influenciar na sua estima (autoestima), e, outra, a resiliência, em saber que, apesar duma coleguinha não querer brincar com ele, haverão milhões de coleguinhas que com ele brincarão durante toda a sua vida.
Um poeta popular sempre disse “Que é sempre mais feliz quem mais amou”, e, por último, conduzi vocês a estas duas únicas certezas: Gentileza é fundamental e Gentileza gera gentileza!
Fiquem com DEUS!
Leandro Góis
Itabaiana/SE, 10 de Julho